Sexo é importante na reabilitação
A preocupação com o sexo após o câncro da mama é uma das questões base desta vivência.
Os seios são, desde sempre, uma das partes do corpo mais valorizadas sexualmente por homens e mulheres. Qualquer ideal de beleza feminina contempla seios bonitos e firmes. São uma das «fontes» de prazer durante os preliminares e ao longo do acto sexual em si.
Tendo em conta este quadro, amputar um seio pode ser, a todos os níveis, uma experiência traumatizante, após a qual se inicia um processo complicado de recuperação e de adaptação da mulher à sua nova imagem. É preciso muito esforço e força de vontade para enfrentar esta perda.
Muitas mulheres simplesmente não sabem como reagir. «Algumas resolvem isolar-se, esconder-se, deixam inclusivamente de ir à praia. Outras recorrem a métodos estranhos para substituir o volume que antes era preenchido pela mama, ou então passam a vestir-se de maneira nada condizente com a sua idade, com o objectivo de esconder o seu corpo e não perder assim o seu encanto e charme pessoais», explica a Dr.ª Catarina Mexia, psicóloga.
O sexo como reabilitação da mulher
Quando a mulher se vê confrontada pela primeira vez com a assustadora realidade de um cancro, provavelmente as suas preocupações iniciais voltam-se mais para a sua sobrevivência. Mas, logo que foi aplicado o tratamento, outra questão se torna crucial — até que ponto é que a vida destas mulheres volta ao normal, mesmo que o cancro tenha sido controlado.
E para quê falar em sexo, quando esteve em causa a sua vida? O sexo no casal entra neste cenário como um aspecto bastante importante para a reabilitação da mulher. «A existência de uma sexualidade idêntica à que havia antes da cirurgia torna-se fundamental para o retomar de uma vida normal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida», afiança a psicóloga.
A faixa etária de incidência deste tipo de doença é cada vez mais baixa, acompanhada de uma esperança de vida cada vez mais longa. Logo, é natural que o casal queira continuar a sua vida sexual, desde que agradável e gratificante para os dois.
«O pior inimigo de uma sexualidade saudável é o silêncio. É sempre embaraçante falar com o médico sobre como retomar a actividade sexual. É necessário dar o passo em frente e discutir com o médico o tema da sexualidade, da mesma forma com que se discutem os problemas de alimentação ou do regresso ao trabalho. Sem excluir o seu marido ou companheiro deste diálogo, porque ele também será invadido por receios e questões», afirma Catarina Mexia.
Informação acerca dos efeitos do tratamento do cancro sobre as diversas etapas do acto sexual ajuda naturalmente o casal a compreender as alterações fisiológicas e psicológicas que podem ocorrer nesta situação.
Prazer mantém-se
Há que salientar que, apesar de todos os efeitos do cancro ou do seu tratamento, a capacidade de sentir prazer através do toque nunca desaparece. E a sua preservação poderá facilitar a manutenção do interesse e da auto-estima da mulher.
Uma das grandes consequências de uma mastectomia na vida sexual de uma mulher é a deterioração dos seus sentimentos e da sua percepção de continuar a ser uma mulher atractiva. «A remoção de um seio pode deixar a mulher insegura acerca da aceitação pelo seu parceiro e do grau de desejo que ainda possa criar, porque todos fomos ensinados a encarar os seios como uma parte essencial da beleza e feminilidade de uma mulher», salienta a psicóloga.
O peito e os mamilos são fontes importantes de prazer para muitas mulheres, acariciá-los durante os preliminares é muito frequente. O tratamento local de formas menos dispersas de cancro pode afectar a sensibilidade do seio e, consequentemente, alterar ou anular o prazer extraído desse contacto. Por vezes, a dor pode estar presente e é fundamental que a mulher seja capaz de partilhá-la com o seu parceiro, de forma que em conjunto encontrem novos pontos de excitação mútua.
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